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São Vicente Pallotti foi um homem à frente do seu tempo. Ele intuiu que todo batizado é também um missionário em potencial e introduziu os leigos na missão da Igreja antes que essa realidade fosse concretizada no Concílio Vaticano II.

Mas essa inspiração também deu origem a uma celebração litúrgica em que todos os povos se confraternizam, em diversos ritos, línguas, com alegria e muita espiritualidade. É a celebração da unidade, conhecida como Oitavário da Epifania.

Por sua vez, Epifania significa manifestação, é o momento em que o Senhor se manifesta a todos os povos representados pelos Reis Magos, que adoram o Menino e convidam todos ao mesmo gesto, de acordo com sua cultura, mas em espírito de unidade.

O Oitavário criado por São Vicente de Pallotti teve por objetivo atrair para Deus todas as pessoas, inclusive os indiferentes. Aí nasceu uma grande iniciativa evangelizadora que refletia a maternidade da Igreja, a união dos fiéis e o amor de Deus pela humanidade.

São Vicente Pallotti e o Oitavário

São Vicente Pallotti foi um homem sedento pela salvação da humanidade. Com a criação do Apostolado Universal de todos os católicos, ele colocou em prática um grande projeto de evangelização e santificação dos leigos.

E, de acordo com as fontes palotinas, quando São Vicente Pallotti assumiu a reitoria da Igreja do Espírito Santo dos Napolitanos, em 1935, ele passou a celebrar a Epifania com dimensões populares, procurando envolver todo o povo de Roma.

Com essa celebração, Vicente Pallotti conseguiu alcançar muitas pessoas e difundir a fé católica com um renovado ardor. Inclusive, há relatos que foram distribuídas 5 mil comunhões entre os fiéis, isso admirou muito o Papa Pio IX na época.

Dessa forma, ele unia o carisma palotino, ação apostólica leiga e o oitavário da Epifania em um só acontecimento: fazendo com que todos se tornassem mensageiros da manifestação do Senhor, Deus que se fez homem, nasceu em Belém e espera por cada um de nós.

Como a festa da Epifania tinha oitava litúrgica, isto é, durava oito dias, então durante oito dias foram feitas a solene celebração do primeiro Oitavário da Epifania, com data de 13 de dezembro de 1835, e levava o título de ‘Sagrado Oitavário para a Propagação da Fé’.

O anúncio ostentava o emblema do Apostolado Católico e era assinado pelo Cardeal Vigário. Um acontecimento especial, durante o primeiro Oitavário, foi que o prussiano Tiago Knarner resolveu renunciar ao protestantismo para se filiar à Igreja Católica. 

Como São Vicente Pallotti organizava o oitavário da Epifania

Segundo fontes palotinas, Vicente Pallotti foi diretor espiritual no Colégio da Propaganda Fide quando organizou as celebrações da missa relacionadas à festa litúrgica da Epifania, 

em diversos ritos litúrgicos da Igreja Católica, dando ênfase aos ritos orientais, como o armênio, o caldeu, o sírio maronita, o grego, entre outros.  

Nos oito dias que se seguiram à Solenidade – a oitava da Epifania –, acontecia a “festa das línguas”. Ou seja, os alunos “proferiram discursos e declamavam poemas em honra do Menino Deus, em suas respectivas línguas maternas”. 

Com o passar dos anos e a grande participação popular, foi preciso recorrer à grande Igreja de San Carlo al Corso. Depois as celebrações se transferiram para a Igreja de Sant’Andrea Della Valle, mais ampla e mais central.

A organização das celebrações de 1898 nos dá uma ideia da intensidade e amplitude do Oitavário: 

  • Abria-se a Igreja às 5h30 com o Santo Rosário e a celebração da Santa Missa; 
  • Às 6h havia a pregação em Italiano; 
  • Às 8h30 missa cantada em Rito Latino; 
  • Às 9h30 celebração em Rito Oriental; 
  • Às 15h leitura de uma reflexão sobre a Epifania, Rosário, pregação e Bênção Eucarística presidida por um Cardeal; 
  • Às 17h novamente: leitura, pregação e bênção presidida por um Bispo; 
  • A missa das 8h30 estava confiada, alternadamente, às várias famílias religiosas, e, por sua vez, seminários e colégios intervenham nas grandes celebrações da parte da tarde; 
  • Além da grande disponibilidade de confessores e as ofertas que se recolhiam na igreja e que eram encaminhadas para as missões. 

O centro do Oitavário é o presépio

A grande imagem do Oitavário é o presépio montado com os três santos magos em adoração. Dizia São Vicente que na igreja deveriam ser expostas imagens – quadros ou estátuas – do mistério da Santa Epifania. A ornamentação deveria ser séria, digna, simples e solene, com lampadários e velas em abundância. 

Dessa forma, ele recordava a centralidade do mistério da Epifania, a manifestação de Cristo como Luz para o mundo! Deste modo a mensagem cristã se manifesta universal, superando os limites do povo de Israel e atingindo com sua salvação a todos os povos pagãos. 

Sendo assim, São Vicente Pallotti conseguiu perceber a rica diversidade da Igreja manifestada nos diversos carismas e fundações, nos vários ritos e línguas nela presentes um traço de unidade que teve início na Epifania. 

E como bem disse o Padre Stanislaw Stawicki: “Pallotti unia estreitamente a celebração do Oitavário da Epifania e a fundação que é a União do Apostolado Católico não somente porque ela exprimia com clareza e exatidão o pensamento e o carisma desta, mas também porque o Oitavário tinha uma finalidade eminentemente apostólica e missionária…”

Como viver o Oitavário hoje

O Oitavário da Epifania tornou-se uma celebração profética para a Congregação Palotina. Desde a época de Pallotti que ela acontece em todas as casas como um sinal de que o carisma é a manifestação da unidade da Igreja.

E, atualmente, a unidade é uma necessidade de todos os cristãos, sejam leigos ou religiosos para que o amor de Deus derramado se renove e torne-se conhecido por todos. Assim, a primeira atitude para viver o Oitavário é acreditar na unidade em torno de um único Pastor.

Depois, promover a cooperação entre todos os homens, como fizeram os Reis na manifestação do Senhor, através da caridade, como São Vicente queria, apontado a Igreja como este novo povo, Deus que vive do Corpo e da Palavra de Cristo. 

Por fim, à exemplo de São Vicente Pallotti, participar do Oitavário da Epifania em suas diversas expressões, seja no Rito Latino Ordinário ou Extraordinário, em línguas diferentes ou nativas, ou nos Ritos Orientais, uma vez que o Pastor é o mesmo: Jesus, o Apóstolo do Pai.

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