No dia 14 de setembro, a Igreja celebra a festa da Exaltação da Santa Cruz, um momento de reviver a entrega total de Cristo pela salvação da humanidade. Não é possível fazer memória da libertação que recebemos sem pensar na Cruz.
As Escrituras nos dizem:
“Quando eu for elevado da terra, atrairei todos a mim” (Jo 12,32).
O próprio Jesus também coloca a cruz com condição para segui-Lo:
“Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga” (Mc 8,34).
Então, a Cruz conquistou um lugar fundamental na história do cristianismo e na vida do cristão. Por isso, somos convidados a venerá-la e honrar esta celebração, que nos fala sobre nossa identidade e vocação enquanto filhos de Deus e servos uns dos outros.
Origem da Festa da Exaltação da santa Cruz
A literatura patrística e os testemunhos arqueológicos colocaram como ponto de referência para a festa da Exaltação da Santa Cruz a dedicação das basílicas construídas em Jerusalém pelo Imperador Constantino do Santo Sepulcro e do Calvário (325 d.C.).
Mas antes de tudo, há a descoberta da Cruz de Cristo que aconteceu através da busca incansável de Santa Helena. Quando proclamaram Constantino, filho de Helena, como Imperador em 313 d.C. ele decretou o cristianismo como religião oficial, pondo fim à perseguição dos cristãos.
Então, sua mãe, Santa Helena, começou a busca pelas relíquias da Cruz. Com muito trabalho de escavação, achou três cruzes no monte calvário e uma delas era a Cruz de Cristo. Mas em 614, o rei dos Persas, Cosroes II, após vencer uma batalha contra os romanos, carregou as relíquias da Cruz junto com outros tesouros.
Mas Heráclio, imperador romano de Bizâncio, travou outra batalha contra Cosroes e resgatou a Cruz, devolvendo-a a Jerusalém. Por isso e por tantos milagres que envolveram a Cruz, foram erguidas as basílicas e a celebração para exaltar a Cruz de Cristo.
A importância da Exaltação da Santa Cruz
A Igreja nos fala sobre a importância da Cruz através dos santos. São Gregório de Nissa, por exemplo, afirmou que a cruz possui um significado profundo, no qual se faz a descoberta pelos olhos da fé do fiel e por uma atitude sua de amor.
De fato, quando olhamos a cruz pelos olhos da fé, percebemos o quanto Cristo nos amou e se entregou para nos salvar. O maior escândalo da Cruz não é a dor, claro que ela nos assusta, mas é o amor sem limites! Quem superaria tamanho dor sem amor?!
Logo, é essencial meditarmos alguns pontos que fazem da exaltação da Santa Cruz uma experiência insubstituível na vida cristã, porque fala sobre nossa identidade e marca nossa vocação, seja ao matrimônio ou à vida consagrada:
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Cristo morreu na cruz
Santo Ireneu disse que a morte de Jesus Cristo na cruz foi a morte do justo pelos injustos. Na cruz, o Senhor pagou o preço pela nossa vida, nos libertou do pecado e abriu o caminho para vida nova que acontece através do batismo. Por isso que na Exaltação da Santa Cruz celebramos a vitória sobre toda morte e a vida nova em Cristo.
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Na cruz, água e sangue jorraram do seu lado
“…mas um dos soldados abriu-lhe o lado com uma lança, e imediatamente saíram sangue e água” (João 19,34). Esse evento marca o nascimento da Igreja, porque o sangue representa a Eucaristia e a água, o batismo. Logo, precisamos voltar os olhos para a Cruz e fazer memória da Exaltação da Santa Cruz com profunda gratidão.
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A cruz está presente na alma da pessoa
São Jerônimo disse que a cruz é também carregada na alma da pessoa! Na verdade, a Cruz é um meio de salvação, e hoje ela assume muitas formas. Logo, quem a vive, crendo no Evangelho, experimenta a ressurreição em sua vida, e quem abraça sua cruz celebra a exaltação da Santa Cruz todos os dias.
Por fim, a cruz nos fala sobre vocação
Segundo São Justino, a cruz é importante na existência cristã, porque dá sentido para muitas coisas da vida e do universo. Há um sinal simples que define a nossa vida: fazemos tudo ‘em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo’, traçando o sinal da cruz sobre nós.
Esse gesto marca nossa vida por dentro e por fora, como também nos envia para vivermos como rezamos: se o Filho se entregou por nós, somos convidados a fazer o mesmo, ou seja, nos oferecermos, por amor, ao nosso Deus, pela continuação do evangelho no mundo.
Mas essa entrega não acontece na Cruz física, porque essa o seu Filho nos poupou, mas na decisão de amá-Lo e segui-Lo diariamente! E a cada vocação há uma forma específica de concretizar essa entrega.
Os casais se entregam um ao outro e à família; os sacerdotes, à Igreja e ao povo que lhe foi confiado; a vida religiosa se entrega no zelo pela salvação das almas. Mas todos exaltamos a Cruz de alguma forma, porque é assim que vivemos o mistério da vida cristã.
Portanto, exaltemos a Santa Cruz como um povo que reconhece esse acontecimento como fonte de vida e vocação.
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