Feminista x feminina! Em um mundo onde as vozes femininas ecoam cada vez mais forte e onde rótulos são constantemente colados e descolados, a distinção entre estes termos frequentemente se entrelaçam em um debate complexo e cheio de nuances. Aliás, a expressão feminista x feminina se tornou um campo fértil para debates e mal-entendidos em toda a sociedade.
Muitas vezes, esses conceitos são confundidos ou até mesmo utilizados como armas em disputas ideológicas. No entanto, ao desvelar as nuances e as histórias por trás de cada termo, podemos construir um entendimento mais profundo e respeitoso sobre a complexidade da identidade feminina e do movimento feminista.
Mas afinal, qual a diferença entre ser feminista x feminina? É possível ser ambas ao mesmo tempo?
Neste texto, convidamos você a embarcar em uma jornada de autoconhecimento e reflexão, desvendando os significados por trás desses conceitos. E mais do que isso, compreender a importância de distingui-los no contexto atual.
Feminista: um manifesto de igualdade
O termo “feminista” tem suas raízes no século XIX, e surgiu como um grito de guerra em defesa dos direitos das mulheres, que eram negados em praticamente todos os aspectos da vida. Portanto, está intimamente ligada à luta por igualdade de direitos entre homens e mulheres. É um movimento social e político.
A luta por igualdade de gênero, o direito ao voto, a liberdade de expressão e a autonomia sobre o próprio corpo foram algumas das principais bandeiras levantadas pelas primeiras feministas.
Sendo assim, as feministas, em sua essência, são defensoras da equidade de gênero, combatendo o patriarcado e as estruturas sociais que perpetuam a opressão feminina.
Ao longo do tempo, movimento feminista passou por diversas fases e abordagens, sempre se adaptando aos contextos sociais e culturais de cada época. Desde as sufragistas que lutavam pelo direito ao voto até as feministas contemporâneas que combatem o assédio sexual e a desigualdade salarial, a luta pela igualdade de gênero é um movimento contínuo e em constante evolução.
Então, vamos a uma breve cronologia:
- Século XIX: As primeiras ondas do feminismo se concentram na luta pelo direito ao voto e pela igualdade jurídica.
- Século XX: A segunda onda do feminismo expande a agenda, abordando questões como a reprodução, a sexualidade e a violência doméstica.
- Século XXI: A terceira onda do feminismo diversifica as vozes, incluindo mulheres negras e LGBTQIA+ e aborda temas como a interseccionalidade e o feminismo decolonial.
Feminilidade: Uma construção social em constante transformação
A feminilidade, por sua vez, é um conceito mais fluido, subjetivo e culturalmente determinado. É moldado pelas expectativas sociais e culturais de cada época e lugar.
Ao longo da história, a feminilidade foi associada a uma série de atributos e comportamentos considerados “apropriados” para as mulheres, como a delicadeza, a submissão e o cuidado com o lar. Além disso, está associada a um conjunto de características e papéis socialmente construídos e atribuídos às mulheres.
Em muitas sociedades, a feminilidade foi tradicionalmente associada a atributos como delicadeza, submissão, cuidado e beleza física. No entanto, a feminilidade não é uma essência imutável e nem um conceito estático, mas sim uma construção social que se transforma ao longo do tempo.
Portanto, o que era considerado feminino em uma determinada época pode não ser mais assim em outra.
Atualmente, a feminilidade está sendo redefinida por mulheres que desafiam os padrões tradicionais e buscam construir suas próprias identidades, livres de estereótipos ou padrões pré-estabelecidos.
Aproveite para ler: O que é feminilidade?
Feminista x feminina: uma relação complexa
É comum que exista uma certa tensão entre os conceitos de feminista x feminina. Muitas vezes, as mulheres são colocadas em uma posição de escolha: ou são feministas e, portanto, “masculinizadas” ou são femininas e, consequentemente, submissas. No entanto, essa dicotomia é falsa e limitadora.
Ser feminista não significa renunciar à sua feminilidade. Pelo contrário, o feminismo busca justamente liberar as mulheres das imposições sociais e permitir que elas expressem sua feminilidade de forma autêntica e livre. No entanto, desde que ser feminista não signifique infringir as Lei de Deus, o nosso criador.
Aliás, o jargão “Meu corpo, minhas regras”, tão utilizado pelas feministas, na verdade é a renúncia à mais bela e nobre missão que Deus deu às mulheres, a de gerar filhos. Além disso, é uma ameaça contra a vida, que deve ser protegida desde o ventre materno.
Quando a expressão feminista x feminina se complementam
A feminilidade pode ser sim um espaço de empoderamento e autoafirmação. E como isso pode acontecer?
- Redefinição dos Padrões: As mulheres estão ativamente reconstruindo o que significa ser feminina. E essa redefinição abrange desde a forma de se vestir até a maneira de se comportar, desafiando estereótipos e criando novos padrões de beleza e comportamento. Neste sentido, percebe-se cada vez mais que principalmente as mulheres cristãs estão buscando resgatar sua feminilidade no modo de vestir-se. E entre as católicas, muitas estão transformando o seu guarda-roupas a partir deste simples questionamento: “Se a Virgem Maria, a Mãe do meu Senhor, batesse hoje à minha porta, com suas vestes encharcadas pela chuva, eu teria uma roupa digna para lhe emprestar?”.
- Autoconhecimento: Ao explorar sua feminilidade, as mulheres podem se conectar mais profundamente com sua identidade, valores e desejos. Logo, esse autoconhecimento é fundamental para a construção da autoestima e da confiança.
- Solidariedade feminina: A criação de redes de apoio entre mulheres fortalece o empoderamento individual. Compartilhar experiências, trocar ideias e celebrar as conquistas umas das outras cria um ambiente seguro para o crescimento pessoal.
- Expressão criativa: A feminilidade pode ser uma fonte de inspiração para a expressão artística. Através da arte, da escrita, da música e de outras formas de criação, as mulheres podem dar voz às suas experiências e perspectivas únicas.
- Testemunho de vida: Ao dar testemunho de uma feminilidade vivida em Deus, a mulher tem a capacidade de contagiar outras mulheres e despertar nelas o desejo de também ser alcançada pelo amor transformar de Jesus Cristo. Além disso, cada vez mais, mulheres católicas estão assumindo papéis de liderança dentro da Igreja, nas diversas pastorais e movimentos. E assim realizando o bem e evangelizando, não apenas outras mulheres, mas a todo e qualquer ser humano. Além disso, existem também diversas associações e instituições nas quais as mulheres lutam por defender e proteger a mulher.
Leia também: O que significa, de fato, reavivar a fé e reacender a caridade?
Feminista x feminina? Seja uma mulher à exemplo da Virgem Maria!
O apelo à figura da Virgem Maria como modelo ideal de feminilidade é um ponto de vista frequente em debates sobre o papel da mulher na sociedade.
Por isso, é fundamental entender que a Virgem Maria, como figura central da fé cristã, possui um significado simbólico e espiritual profundo, carregado de interpretações e representações históricas e culturais diversas.
Ao longo dos séculos, sua imagem tem sido utilizada para moldar, reforçar determinados valores e papéis sociais atribuídos às mulheres. Mas é possível conciliar a fé em Maria com o debate feminista x feminina? E a resposta é sim, desde que se compreenda que a figura da Virgem Maria pode ser interpretada de diversas maneiras.
Maria como símbolo de resistência: A Virgem Maria pode ser vista como uma figura de resistência, visto que desafiou as convenções sociais de sua época ao aceitar ser a Mãe de Jesus.
Nossa Senhora como modelo de compaixão e justiça: A Virgem Maria é frequentemente invocada como intercessora e modelo de compaixão e justiça, valores que estão em consonância com os princípios da feminilidade.
Virgem Maria como símbolo de esperança: A figura de Maria pode ser uma fonte de esperança para as mulheres que buscam superar as adversidades e construir um futuro mais justo e igualitário.
Enfim, o debate sobre feminista x feminina é complexo e multifacetado. E a figura da Virgem Maria, como símbolo religioso e cultural, pode ser uma fonte de inspiração e conforto para muitas mulheres do nosso tempo.