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O martírio é um dom concedido por Deus àqueles que se entregam totalmente à Sua vontade, e são muitos mártires que esclarecem esse dom com a própria vida.

Tertuliano, um dos padres da Igreja, dizia que “o sangue dos mártires é a semente dos novos cristãos”.

Entre eles está também São João Batista, o precursor do Messias, que não temeu perder a cabeça, mas se manteve fiel às suas convicções até o fim. Ele nos ensina, com as atitudes, o que é o martírio por causa da verdade.

Com eles há tantos outros! Por isso, preparamos este post para explicar o significado do martírio para a Igreja e para quem luta pela Verdade.

Mártir – Martírio – testemunha

A palavra mártir vem do grego “martys”, “martyros”, que significa testemunha. O papa Bento XVI assim se exprime:

“O martírio é a morte voluntariamente aceita por causa da fé cristã ou por causa do exercício de outra virtude relacionada com a fé”.

Ou seja, o mártir é uma testemunha, no caso dos cristãos, do amor a Deus até o fim. O próprio Cristo é o mártir por excelência, uma vez que Ele entregou sua vida à morte, pagando o alto preço por nosso resgate, mas Ele o fez livremente:

“Ninguém tira a minha vida, Eu a dou por mim mesmo…” (cf. Jo 10,18), por isso o martírio é um dom que se abraça com liberdade.

Dessa forma, o martírio cristão é diferente dos outros martírios, porque acontece por causa do Evangelho; o mártir não provoca sua própria morte, não é um homem-bomba e não teme defender a fé até as últimas consequências, mesmo que custe a própria vida.

E como disse Tertuliano, o sangue deles germinou o cristinismo nos primeiros séculos da era cristã. Por causa da perseguição do Império Romano, muitos foram devorados nas arenas pelos leões; outros foram queimados e torturados.

Inclusive todos os apóstolos, com exceção de São João, foram martirizados. Como não recordar São Pedro, crucificado de cabeça para baixo; São Paulo, decapitado; Santo André, crucificado em forma de X; todos passaram pelo martírio por amor ao Mestre.

O martírio de nosso tempo

Mas passaram-se vários séculos desde a oficialização do cristianismo como religião do Império Romano, será que ainda existe o martírio de sangue?

Assim diz o Papa João Paulo II: “A experiência dos mártires e das Testemunhas da Fé não é uma característica exclusivamente da Igreja dos primórdios, mas delineia todas as épocas da sua história. 

De resto, no século XX, talvez ainda mais do que no primeiro período do cristianismo, muitíssimos foram os que testemunharam a fé com sofrimentos não raro heróicos”.

Segundo o Papa Francisco: “Hoje há mais mártires na Igreja do que nos primeiros séculos

“Os 147 estudantes quenianos trucidados no campus universitário de Garissa no Al-Shabaab; os 21 egípcios degolados na Líbia pelo Estado Islâmico, centenas de vítimas sem nome massacradas pelo Boko Haram na Nigéria, 22 fiéis mortos em Youhanabad no Paquistão enquanto rezavam na igreja. E muitos outros nomes”.

De forma que o martírio continua acontecendo hoje principalmente na África, Ásia e Oriente Médio por causa da fé. Mas, como nos diz o Papa Emérito Bento XVI, ficamos admirados com a tranquilidade e a coragem com que eles enfrentaram o sofrimento e a morte, tudo por causa da Verdade. 

Porém, só existe o martírio de sangue? O dom do martírio é um privilégio apenas de alguns? Será que somos também chamados ao martírio hoje? Vamos responder com a verdade.

Testemunha da verdade

No diálogo de Jesus com Pôncio Pilatos, o Senhor diz: “É para dar testemunho da verdade que nasci e vim ao mundo. Todo o que é da verdade ouve a minha voz”. E Pilatos, sem saber do que Ele dizia, perguntou: “Que é a verdade?” (cf. Jo 18,36-38).

Mas essa resposta nos foi dada pelo Evangelho quando Jesus disse sobre si mesmo: “Eu sou o caminho, a verdade e a vida” (cf. Jo 14,6). 

Porém, por que este diálogo sobre a “verdade”? Até agora, falamos sobre o martírio de sangue, quando se perde a vida de forma cruenta, todavia há outra forma de martírio que nos causa outro tipo de morte, a da vontade própria.

Ou seja, são as renúncias, os sacrifícios, os posicionamentos contra o aborto e a eutanásia; é a vida casta; a prática da justiça; a luta contra o consumismo; a defesa da Igreja e da moral; enfim são situações reais e dolorosas ao mesmo tempo.

Portanto, o martírio por causa da verdade é exatamente a defesa da fé, e hoje todos somos chamados a vivenciar; é a coragem de se posicionar, como fez São João Batista que disse a Herodes que era errado ele viver com a mulher de seu irmão.

No entanto, tanto o martírio de sangue quanto o chamado “martírio branco” pedem disposição interior, ou seja, o dom do Espírito Santo, porque uma pessoa não consegue viver isso sozinha, sem uma causa grande pela qual doe sua vida.

Agora, qual o segredo de um mártir? Certa vez, São Paulo disse que a cruz era loucura para o mundo, mas para nós é força e sabedoria divina. Portanto, quem se dispõe ao Amor de Deus, se candidata ao martírio e descobre, com a própria vida, o quanto vale a pena amar.

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